domingo, 2 de junho de 2013

Historias

Seleção de Histórias Infantis de Revistas Adventistas e de Materiais de Escola Cristã de Férias
Colaboração do Departamento do Ministério da Criança – Miriam Berg
Divisão Sul-Americana - Maio/2002

01 - A BOA IDÉIA DE SUZANA

A história que segue mostra como Suzana escolheu fazer o que agrada a Jesus.
    Suzana olhou alegremente ao seu redor e para os pequenos convidados. – Faço sete anos hoje! Disse ela. Dentro de um ou dois minutos abrirei meus presentes de aniversário. Então encontrarei o relógio de pulso que o papai e a mamãe prometeram dar-me, quando eu fizesse meu sétimo aniversário!
     Suzana desatou fitas azuis, fitas amarelas, fitas cor-de-rosa – um verdadeiro arco-íris de fitas. Quão interessante era ter uma festa de aniversário!
- Trouxe-te um jogo para limpeza de casa de verdade! E Leti sorriu para Suzana, enquanto os negros cachos lhe dançavam pela face. – Olha, Sue! Leti ajudou Suzana a desembrulhar o pequenino esfregão para a limpeza do pó, o vidrinho com óleo para a limpeza de móveis, e foi Leti quem colocou em Suzana o lindo aventalzinho estampado de flores alegres. Até havia um pequeno espanador, e uma vassoura!
- Você agora pode arrumar seu próprio quarto, Suzana, disse-lhe a mãe, sorrindo.
    Suzana acenou com a cabeça.
Ajudar a mamãe agora seria coisa realmente bem interessante.
    Tinha somente mais um presente a desembrulhar e esse devia ser o relógio de pulso. Havia numa caixa cor-de-rosa e prateada. Havia realmente um relógio! E aí Suzana viu Nete, com seu engraçado narizinho chato, espreitando pelos vãos da cerca. Neti parecia estar fazendo o possível para não chorar! Não vou convidar Neti Almeida, vai se desfazer em pranto e molhar todos os meus presentes, e portar-se mal, dissera Suzana a sua companheira predileta Leti. Esta concordara com ela...
     Suzana voltou as costas para a cerca, e fez de conta que Neti fora embora. Começou a brincar de “lenço-atrás” com as outras crianças, mas, por mais que fizesse, não podia achar graça no brinquedo. Não, não havia graça alguma. Até Leti não demonstrava vontade de brincar, e olhava triste para Neti.
     Durante toda a manhã Suzana excluíra Neti da mente. No dia anterior, quando sua mãe lhe dissera bondosamente: - Querida Suzana, não gostaria você que Neti tomasse parte, amanhã, na sua festinha de aniversário? Suzana batera o pé e dissera: “Não!”.
    A mãe estivera muito ocupada, fazendo os bolos para a festinha, e arranjando os brinquedos e outras coisas, mas parara para dizer: - Temo que você magoe Neti, Suzana. Bem sei que lhe prometi que poderia escolher os companheiros que desejava que viessem no seu aniversário, mas não seria melhor que qualquer hora, hoje, você desse um pulo e convidasse Neti? Ela, certamente, não assiste a muitas festas de aniversário, e haveria de gostar bastante se a convidasse. Não espere que lhe traga um presente, querida, porque seus pais são muito pobres.
    Tão ocupada estava a mãe de Suzana com os planos da festinha, que se esqueceu de Neti, justamente como Suzana esperava que acontecesse.
    - Convidou Neti? Perguntou-lhe a mãe. (Suzana pendeu a cabeça e corou de vergonha, pois ela e Leti haviam rasgado o lindo cartão cor-de-rosa do convite reservado para Neti.) Confiei na minha pequena, senão eu mesma tê-la-ia convidado, disse gravemente a mãe de Suzana, demonstrando estar bem triste.
    Suzana sentiu-se muito mal. Ali estava ela, com os presentes empilhados ao seu redor e o belo relógio de pulso no braço a fazer tique-taque, mas não tinha nem um pouco de alegria. Nem um pouco! Suzana sentiu como se fosse a menina mais infeliz do mundo, pois repentinamente vira quão egoísta tinha sido, quão falta de bondade para com Neti. Todos podiam ver Neti choramingar agachada atrás da cerca, procurando ver a mesa de aniversário!
    Foi nesse momento que Suzana teve a boa idéia.
    Girou velozmente, e correu o mais depressa possível até o passeio e ao redor da cerca, até encontrar Neti. – Venha para a festa! Suzana tomou na sua à mão de Neti, apertando-a com satisfação. Quão bem se sentia agora!                                      
    - Vou dar-te o meu aventalzinho branco. Neti quero dizer que será seu mesmo... Já fiz sete anos hoje; sete, realmente! E Suzana meditava, enquanto cortava um pedaço do bolo de aniversário para Neti. “Não posso continuar a ser mesquinha para ninguém, porque estou quase moça!”.




 02 - A EXPOSIÇÃO DE FLORES DE GUILHERME

   Guilherme, um dia, foi com sua escola visitar uma exposição de flores. Era muito divertido sair com os professores e com as outras crianças. Guilherme deu a mão para seu melhor amigo e para algumas outras mamães, e os professores também estavam ali junto com eles.
    Quando voltou para casa, Guilherme contou para a mãe tudo o que tinha visto na exposição de flores. Ele contou que tinha visto flores azuis, flores cor-de-rosa, e flores amarelas. Havia muitas flores, tipos diferentes, eram tantas que Guilherme não pôde ver tudo.
Guilherme estava tão excitado que quase não podia parar de falar.
    A mamãe ficou feliz em ver que Guilherme gostava de flores. E ela disse:
    - Guilherme, estou contente porque você gosta das flores, porque algum dia nós vamos a um lugar onde existem flores muito mais bonitas do que as que você viu hoje.
    - Onde, mãe? Onde? Eu quero ir – disse Guilherme feliz, pulando, pronto para ir ali.
    - Não é agora, Guilherme – disse a mamãe. – Logo Jesus vai voltar para nos levar a um lugar maravilhoso, chamado Céu. Lembra que estudamos sobre o Céu na lição da Escola Sabatina. Lá vamos ver lindas flores como as que você viu hoje, e além disto, haverá outras coisas bonitas. Lá vai haver bonitos pássaros que cantam, e animais com os quais poderemos brincar. Além disso, todos vamos ter uma coroa brilhante para usar. Vai ser maravilhoso ir para o Céu. E Jesus vai estar conosco lá. Ele vai nos dizer o nome de todas as flores, também vai fazer com que elas cresçam. Eu quero ir para o Céu, você também quer?
    - Sim, mamãe, eu quero ir para o Céu. Quero ver as flores, quero usar uma coroa, e principalmente, quero ver a Jesus – disse Guilherme para sua mãe.
    Eu também quero ir, e vocês?
    Que coisas Jesus criou que vocês gostam hoje? Vocês acham que elas serão ainda melhores quando estivermos lá no Céu? De que maneira?



 03 - A HISTÓRIA DE DUQUE
  
    - Vocês gostariam de ouvir o meu cavalo falar? – perguntou o Sr. Oliveira, por cima da cerca dos fundos, para os três meninos que tinham se mudado recentemente para aquela vizinhança e estavam brincando num terreno vazio ali perto.
    - Oh, sim – respondeu Tony, e todos os três vieram correndo.
    O Sr. Oliveira abriu o portão e deixou que eles entrassem na estrebaria. O Sr. Oliveira era um dos bons policiais da cidade. Ele gostava muito de meninos e também gostava muito de cavalos. Os meninos tinham visto seu bonito cavalo branco bem na frente de um desfile. Eles gostavam de ver o Sr. Oliveira escovar o Duque, e pentear o seu rabo e sua crina. Ele trazia uns dois ou três baldes de água morna e lavava Duque por inteiro. O cavalo ficava parado em pé, olhando ao redor de vez em quando. Se fosse um desfile muito especial, o Sr. Oliveira também dava polimento nos cascos de Duque. Depois pegava uma sela muito limpa e brilhante que com todo cuidado colocava em cima do cavalo, e gentilmente, mas com firmeza amarrava o cinturão.
    O Sr. Oliveira sempre usava sua roupa de montaria – camisa amarela e calça marrom. Também usava um chapéu marrom. O chapéu era tão grande que parecia um sombreiro mexicano. Ele também tinha espora brilhante, mas muito raramente as usava.
    Nas grandes paradas, a melhor banda normalmente estava bem atrás de Duque e do Sr. Oliveira. Duque havia sido treinado para saber o que fazer quando o Sr. Oliveira batesse no seu lado ou puxasse as rédeas. Ele podia marchar e marcar o tempo da música. Algumas vezes ele parava prestando atenção por uns minutos. Ele podia se sustentar em suas patas traseiras e levantar as patas dianteiras como se fosse um cachorrinho ensinado.
    Muitas vezes ele balançava a cabeça impaciência, e andava de um lado para o outro, ansioso para mostrar o que realmente sabia fazer. Quando a banda começava a tocar uma marcha alegre, ele podia marchar e mover a cabeça no compasso da música, no tempo perfeito.
    Neste dia especial, o Sr. Oliveira queria mostrar para os meninos que seu cavalo podia fazer alguma coisa mais do que marchar no tempo da música, como fazem os soldados.
    - Vocês sabiam que o meu Duque pode falar? – começou a perguntar logo que fechou o portão. Os meninos arregalaram os olhos e prestaram atenção.
    - Eu nunca ouvi um cavalo falar – disse Frederico
    - Bem, o Duque fala – disse o Sr. Oliveira. – Você não será capaz de ouvir, mas poderá ver como me responde.
    - Como é isto? – todos perguntaram de uma só vez.
    - Ele pode escrever? – perguntou Daniel, porque uma vez tinha visto um cavalo pegar um lápis com seus dentes e fazer números.
    - Vou fazer umas perguntas para ele – disse o Sr. Oliveira. – Duque, você já tinha visto estes meninos antes? – ele começou. O cavalo começou a mover sua cabeça para cima e para baixo, de maneira a dizer “Sim”.
    - Algum deles jogou pedras em sua estrebaria?
    Novamente Duque moveu a cabeça para cima e para baixo.
    Os meninos se lembraram de que haviam jogado pedacinhos de madeira, cascas e também pedras, através da cerca para ver Duque correr, e ficaram felizes porque o Sr. Oliveira não olhou para suas caras de culpados.
    - Você gosta disto, Duque? – perguntou o Sr. Oliveira. O cavalo balançou fortemente a cabeça de um lado para o outro.
    - Eu sei que vocês gostam de Duque tanto quanto eu. Vocês não quiseram machucá-lo. Se ele tivesse ficado assustado por causa da pedra, poderia ter se jogado contra a cerca e quebrado a perna, ou ter furado um olho, poderia ter rompido a cerca e corrido para fora – disse o Sr. Oliveira.
    - Nós não jogaremos mais nada contra ele novamente – disse Daniel. – Não pensamos que poderíamos machucar o Duque, somente pensamos que seria divertido ver como ele pulava e corria.
    - Não haveria nenhum outro cavalo que liderasse a parada se ele tivesse fugido – acrescentou Frederico pensativamente.
    Tony estava pensando em uma coisa muito dura.
    - O senhor teria que dar um tiro nele se por acaso tivesse quebrado uma perna, teria que matá-lo, não teria, Sr. Oliveira?
    O Sr. Oliveira baixou a cabeça, enquanto trazia uma forte caixa de madeira que colocou na frente de Duque. O cavalo colocou suas patas em cima da caixa. Então ele levantou a pata direita e dava a mão a cada menino quando lhe davam um pequeno torrão de açúcar.
    Tony, Daniel e Frederico vão à estrebaria de Duque cada dia. Mas vocês podem estar certos de que não jogam mais pedra. Mas eles ainda estão admirados de como Duque sabia responder Sim ou Não às perguntas do Sr. Oliveira.

    Por que vocês acham que os meninos jogavam pedras em Duque? Vocês acham que eles sabiam que era errado? Por quê? A que mandamento ou regra estavam desobedecendo quando eram maldosos para com o cavalo? Será que eles imaginavam o que poderia acontecer ao cavalo quando jogavam pedras nele? O que vocês imaginam que os meninos estavam pensando quando apertavam a mão (pata) de Duque?




 04 - A HISTÓRIA DE ESTELA



    Tessa era uma idosa senhora que vivia num dos mais pobres bairros de Roma. Pobre, sem amigos, fiava para ganhar a escassa subsistência.
Convertida à religião cristã, Tessa muitas vezes se dirigia de noite às catacumbas, onde pequeno grupo de consagrados cristãos se reunia secretamente para o culto.
    O imperador Nero olhava com amargo ódio a todos os cristãos, e seus soldados sempre estavam de vigia para prendê-los. Era plano desse monstro, para exterminar a nova religião, mandar todos os cristãos serem espedaçados por feras, para divertimento do povo romano.
    Sendo muito pobre e inteiramente desconhecida, Tessa nunca era molestada pelos soldados e vivia em paz fiando, fiando o dia todo.
    Certa noite bateu à porta. Embora fosse tarde e ela nunca recebesse visitas, não temeu levantar-se e abri-la. Que tinha a recear quem era tão pobre? Entrou um homem, conduzindo pela mão uma meninazinha.
    - Lúcio exclamou Tessa, admirada. A esta hora! Que grave acontecimento levou você, professor cristão, a expor-se aos perigos destas escuras e perversas ruas?
    - Silêncio! Disse ele, levando o dedo aos lábios. Não posso demorar-me.   Foram presas hoje centenas de verdadeiros crentes. Amanhã ou depois, serão lançados aos leões.
    - Ah! Que crime cometeram? Suspirou Tessa.
    Lúcio apenas meneou a cabeça e murmurou “ai”!
    - Esta menininha, continuou, trazendo para frente à criança, chama-se Estela. Os pais foram levados e condenados à morte. Salvei-a e trouxe-a aqui. Sei que a senhora é pobre. É lhe possível cuidar dela?
    - Sim, certamente, respondeu Tessa. Sempre foi meu sonho ter uma frágil criaturinha, como essa para amar e proteger. Agora Deus me concedeu esse desejo. Louvado seja Seu nome!
    Trabalharei para duas, isso é tudo.
    - Deus a recompensará também por isso. E agora preciso ir. Adeus, Estelinha. Que o céu as abençoe e as livre da mão dos ímpios!
    - Amém! Disse Tessa. Aonde vai a esta hora?
    - Unir-me no cárcere a meus infelizes irmãos. Cumpre-me levar-lhes, em seus últimos momentos, o conforto de nossa religião, e depois morrer com eles.
    - Quão nobre e bom é você! volveu Tessa, inclinando-se.
    Estela era uma criança doce e terna, e sua presença foi um raio de sol na pobre habitação de Tessa. Nada sabia da terrível sorte dos pais e, pequenina como era, logo se habituou ao novo lar. Começou a chamar a Tessa “mãe” e interessou-se profundamente na fiação.
    Passaram-se assim longos anos e a criança tornou-se encantadora moça. Nada veio empanar o brilho da quieta casinha, e Tessa começou a nutrir esperanças de ter o imperador encontrado algum outro divertimento que não o de matar cristãos.
    Ah! Em breve deveria ser-lhe desfeita a ilusão. Circulou em Roma a notícia de que a estátua de Nero fora danificada por pequeno grupo de cristãos e, sem verificar se isso era ou não verdade, o imperador começou a castigá-los mais que antes.
    Dessa vez Tessa e sua amiguinha não escaparam. Foram levadas por soldados e postas em celas separadas, entre outros infelizes prisioneiros, todos condenados à morte.
    Chegou a manhã do fatal dia em que todos deveriam ser lançados às feras. As celas em que estavam encerrados os crentes eram prisões ao redor da grande arena, ou circo, e a ela davam acesso, separadas por barras de ferro. Através dessas barras, os infelizes prisioneiros que ainda esperavam sua vez, viam os companheiros sendo mandados à morte.
    Os assentos ao redor do vasto circo elevavam-se fileira sobre fileira e estavam tomados por pessoas que se compraziam em assistir a esses terríveis espetáculos. Ninguém os apreciava mais que o próprio Nero. Lá estava ele no camarote imperial, numa espécie de embriagado torpor, contemplando a tortura dos cristãos.
    As últimas a serem mandadas para a arena foram Estela e a velhinha. Ao ver Tessa, a menina exclamou: “Oh, Mamãe!”. Correu para ela pondo-lhe os braços em volta do pescoço. Estela não viu os leões, nem o imperador, nem o vasto auditório que a contemplava, mas unicamente a amiga, a quem estreitou nos braços.
    De repente Tessa soltou um grito penetrante. “Olhe”! Disse ela apontando para frente, com mão trêmula. Estela voltou-se. Enorme leão africano para elas se dirigia com passo lento e majestoso.
    Tessa ajoelhou-se e começou a orar. Estela, encarando o leão, postou-se firmemente em frente da senhora, como para protegê-la. Nessa posição, olhava resolutamente ao animal, enquanto de todos os lados se levantavam murmúrios de admiração. Até o imperador, surpreso ante a estranha cena, inclinou-se para frente.
    O leão avançava. Estela estendeu os braços para fechar o caminho entre a fera e sua mãe adotiva. Os romanos nunca tinham visto tanta coragem, e estrepitosos aplausos encheram o ar.
    Ao ver o que aconteceu caminhou-se para o terrível animal, ajoelhou-se e, pondo-lhe os braços em volta do pescoço, acariciou-o suavemente. Ele deteve-se por um momento, entre os braços da jovem, e depois, vagarosa e calmamente, voltou-se e foi-se embora.
    Nero riu-se. Agradou-lhe a romântica cena. Essa pequena fez alguma coisa nova, disse ele. Não vemos todos os dias tal coragem. Que ela e a mãe sejam postas em liberdade.
    Minutos depois, ambas se dirigiam para casa, louvando a Deus pelo milagre que operara para salvá-las.



05 - A HONESTIDADE DE HENRIQUE


Uma carteira de senhora no banco do bonde! Foi a descoberta que Henrique fez no momento em que o bonde arrancava, depois de uma parada. Henrique vira à senhora que acabava de descer. Tinha-a visto no bonde e lembra-se de que essa era a carteira que ela levava.
    Imediatamente tocou a campainha. Desceria na primeira esquina. Era o que de melhor poderia fazer. Precisava encontrar a dona da carteira. Voltou depressa à esquina onde a senhora havia descido e encaminhou-se para o lado onde ele a vira seguir. Correu vários quarteirões, olhando à direita e à esquerda, em cada esquina que chegava, para ver se a via. De repente percebeu que assim nada faria. Parou um pouco para pensar e nesse momento encontrou um de seus amigos, um jovem mais ou menos de sua idade.
   - Parece que você andou correndo – disse Jaime. – Está muito agitado. Que aconteceu?
    Henrique contou rapidamente a história da carteira e explicou que não sabia como entregá-la à dona.
    - Suponho que pertence a alguma senhora rica – disse Jaime rindo – e você espera receber uma gratificação. Bem poderia ficar com a carteira. Você não receberá mais do que ela vale e contém. E isso de querer encontrar uma pessoa de quem não sabe o nome, é como procurar agulha em palheiro.
    - Não me parece que a dona seja rica, disse Henrique, e, portanto não faço isso visando uma recompensa. Ela vestia-se bem, porém suas roupas não pareciam ser de muito preço. Quanto a encontrá-la, creio que você tem razão. Mas, quem sabe, se eu olhasse dentro da carteira encontraria o nome e o endereço.
    - Como me haveria de rir se nela estivessem apenas alguns níqueis! Isso sim seria uma boa peça, depois de tanta correria...
    - Oh! Isso não teria importância alguma, replicou Henrique. Não é a quantia de dinheiro que haja dentro o que me preocupa, mas sim a sua devolução. Você sabe que, segundo dizem, os grandes ladrões começaram com pequenas desonestidades. Tenho certeza de que todos os que acabam roubando automóveis ou grande soma de dinheiro, começaram roubando apenas alguns níqueis.
    - Nunca pensei nisso – disse Jaime. Mas acho que você tem razão. Muitos começam até por uma fruta ou umas balas. Já tenho visto tanta gente fazer isso e não dar a mínima importância ao caso! Essas coisas, porém, não lhes pertencem e mais tarde, como você já o disse, farão roubos mais vultuosos.
    - Voltando ao assunto da carteira, vejamos o que ela contém.
    Henrique abriu a carteira e exclamou:
    - Oh! Aqui está um cartão!
Diz: “Sra. H. Lemos, ao cuidado do Dr. D. Lemos. É uma pessoa de muita influência. Tinha uma expressão muito agradável, mas não era diferente de qualquer outra senhora”.
    - Talvez, no final você acabe recebendo mesmo uma gratificação – disse rindo Jaime.
    - Talvez..., Respondeu Henrique; mas eu não estava pensando nisso.
    - Já sei – replicou Jaime. – Já sei. Sei que é honrado. Sei que você não pensava na recompensa, mas dava o primeiro lugar às coisas que vêm em primeiro lugar. Antes de tudo você quis devolver a carteira.
     Ao olharem um pouco mais, viram que havia alguns cheques de banco. Não os contaram. Fecharam depressa a carteira, depois de descobrirem o endereço da Sra. Lemos.
    - Devo ir bem depressa à casa do Dr. Lemos a fim de encontrar sua mãe e entregar-lhe a carteira. Já passei pela casa dela, mas não a vi porque mora na terceira casa depois da esquina e já havia entrado quando lá cheguei. Quer vir comigo, Jaime?
    - Não. Preciso voltar para casa. Foi você quem achou a carteira. Não tenho parte nesse assunto. Sinto-me orgulhoso em ser seu amigo. Creio que amanhã a notícia sairá nos jornais.
    Henrique não demorou muito para chegar à casa do Dr. Lemos. Que diria? Não teve, porém, de esperar muito. Perguntou simplesmente se a Sra. Lemos morava ali. Fizeram-no passar por uma sala onde a mãe do doutor estava sentada junto ao telefone.
Já havia mandado, pelo telefone, um anúncio para o diário e telefonara para a companhia de bondes para que revistassem o carro em que viajara, quando chegasse ao extremo da linha.
    - Acho que tudo será em vão,  pensou ela. O mais provável é que alguém a encontrou e quem quer que seja que a tenha achado poderá aproveitar bem a quantia de dinheiro que continha.
    Nem sequer ergueu a cabeça para ver quem estava entrando. Henrique se deteve e disse:
    - A senhora conhece esta carteira?
    Sua tristeza tornou-se alegria. Henrique nunca soubera quanto prazer podia infundir num momento.
    - Oh! Minha carteira! Sim, conheço-a, mas até me parece mentira. Pensei que jamais a tornaria a ver. E aqui estão também os meus cheques. Nunca poderei recompensá-lo bastante por isso. Dar-lhe-ei dinheiro, mas quero que saiba que aprecio muito um rapaz honrado. São muito poucos. Sente-se. Quero conversar com você antes que se retire. Quero saber seu nome e seu endereço. Ah! Seu nome é Henrique Martins e mora na Rua do Comércio, 496! Muito bem! Quero que me conte como encontrou minha carteira, e porque correu tanto para me encontrar quando podia ter ficado com ela, como faria a maior parte dos meninos de sua idade. Ah! Sim. Seus pais o ensinaram a não guardar qualquer coisa que não fosse sua, não é?
    O rapaz anuiu com a cabeça.
    - Sim. Lembro-me de quando era bem pequeno, uma vez brincara com um menino vizinho de casa, e levara para casa umas lindas bolinhas que lhe pertenciam. Ele possuía muitas e nem sequer daria pela falta daquelas. Ao chegar a casa, mamãe me perguntou onde as conseguira. Quando lhe disse que Benjamim tinha muitas e que aquelas não lhe fariam falta, falou-me do mal que eu acabara de fazer. Que pensa a senhora que minha mãe disse? Lembro-me de suas palavras, como se ela as houvesse dito hoje:
    “- Filho, essas bolinhas não são tuas e não podes guardá-las. Eu irei contigo à casa de Benjamim e lhe devolveremos as bolinhas, dizendo que nunca mais tomarás alguma coisa que não te pertence”.
    “Muito me custava fazer isso, mas minha mãe insistiu em que eu os fizesse. Quando disse a Benjamim e a sua mãe quanto lamentava ter feito isso, sua mãe me olhou sorrindo e isso me animou. Disse ela a minha mãe que poderia ficar com as bolinhas, pois Benjamim possuía muitas. Minha mãe, porém, insistiu em não aceitá-las por eu as ter levado sem permissão. Não ouvi muito mais o que minha mãe e a de Benjamim falaram, porque comecei a brincar com meu companheiro, mas escutei esta frase de mamãe:
    “- Quero que meu filho seja sempre honrado e nunca tome alguma coisa que não lhe pertença”.
    - Agora compreendo esse seu gesto, disse a Sra. Lemos. Um jovem cuja mãe proporciona tais lições, nunca verá o cárcere. Muito bem, meu filho. Viva sempre de acordo com esses ensinos e nunca se perderá.
    Depois de curto silêncio, Henrique disse que sua mãe o esperava. Acrescentou ainda que seu pai fora sempre muito escrupuloso em todos os negócios.
    - Aqui estão duzentos cruzeiros pelo trabalho que teve em me procurar. Quero que venha sempre me visitar depois de sair da escola. Você trabalha?
    - Faço trabalhinhos aqui e ali, quando os consigo, porque são tantos os meninos da vizinhança que procuram trabalho que não quero ser egoísta, pois muitos deles necessitam trabalhar tanto quanto eu. Seria uma felicidade arranjar um trabalho fixo durante as férias. Mas preciso ir. Quero agradecer muito por este dinheiro. Nunca tive tanto!
    Nesse dia, quando o Dr. Lemos voltou para casa, sua esposa e sua mãe lhe contaram do jovenzinho que havia devolvido a carteira. O doutor guardou silêncio por um instante, dizendo depois:
    - Estão precisando de um rapaz de confiança na farmácia que fica em baixo do meu consultório. Terá uma oportunidade para subir, e poderá também trabalhar durante à tarde quando começarem as aulas.
    Tomou o telefone para falar com o farmacêutico. Depois de explicar porque se interessava por aquele rapaz em particular, o farmacêutico respondeu:
    - Diga-lhe que se apresente para o trabalho amanhã de manhã.
    Os anos que se seguiram demonstraram que Henrique e a farmácia eram inseparáveis, porque Henrique era fiel nas mínimas coisas. Podia-se ter nele toda confiança e seu patrão mostrava tê-la.

06 - A MENINA QUE FALOU A VERDADE


    Uma vez, há muito tempo, uma linda menina brincava com tranqüilidade que tão bem caracteriza o espírito infantil. Sua mãe, da janela onde tecia um tapete, vigiava com indizível ternura seu rico tesouro ao qual dedicava tanto amor! De repente, ao longe, nuvens de poeira levantavam-se como que anunciando a chegada de apressados visitantes. O olhar calmo e meigo, da mãe bondosa, tornou-se aflito quando divisou tropas de estrangeiros dominadores de sua raça.
    - Ó filha, esconde-te – diz a mãe. Avisarei teu pai que os soldados estrangeiros se aproximam. Que desejarão eles, agora? E, tomada de aflição e medo, entrou à procura do marido.
    Enquanto isto, a pequenina de olhos pretos, bem pretos e brilhantes, hesitava entre o desejo de esconder-se e a curiosidade de ver de perto soldados uniformizados e tão estranhos. A curiosidade venceu-a e ali se quedou, sozinha, com olhar inquirido. Foi então que o mais importante dentre os soldados viu-a ali e, achegando-se a ela, disse:
    - Não me temes, pequena?
    - Não, meu senhor. O meu Deus sempre cuida de mim.
    - O teu Deus, menina? Confias, então, muito, n’Ele?
    - Oh, muito, meu senhor. Ele nunca deixou de atender-me.
    A esta altura, a mãe pressurosa corre à porta e depara a filha entre os soldados. Bruscamente agarra-a, tentando levá-la consigo. – Mulher, diz-lhe o chefe dos exércitos estrangeiros, és nossa escrava, tu e toda a tua raça. Permitirás que eu leve tua gentil e corajosa filha para companheira de minha esposa?
    A pobre mãe, aturdida com a pergunta, afasta-se com lentidão, estampando na face grande amargura. Não tinha dúvidas que não lhe seria permitido negar sua filha, uma escravazinha, para o serviço de uma nobre e ilustre dama estrangeira. Preparou a roupa da pequena e os três, ajoelhados na humildade daquela casa pobre, mostraram a riqueza que possuíam – a fé em um Deus verdadeiro que os ouvia e consolava. Levantaram-se tranqüilos, embora tristes pela separação, e ajudaram a pequenina a partir em um dos carros daquele exército.
    Agora, numa casa rica, andava a menina, ora a varrer todos os cantinhos daquelas salas esplendorosas, não deixando nem o cisco ficar sob os fofos tapetes; ora a procurar belas flores para adornar o lar de seus bondosos senhores. Ela soubera fazer-se querida pela maneira franca de falar só a verdade, pelo modo cuidadoso com que realizava suas tarefas.
    Um dia seus senhores estavam muito tristes. Não havia médico que proporcionasse a cura de seu senhor que era um grande general em sua terra. A menina amava-o e respeitava-o. Lembrou-se então de enviá-lo a um grande homem que poderia curá-lo. O general não hesitou em atender à sugestão da escravazinha. Procurou, com incontida ansiedade, esse grande homem do qual ela lhe falara. Foi realmente curado de uma moléstia julgada por todos incurável! Voltou com o coração a transbordar de alegria por conhecer também uma pequena que sempre falava a verdade, só à verdade!



07 - A MENINA QUE SE TORNOU GRANDE



    - Clara! Clara!
    A voz de David era trêmula e fraca, pois estava muito doente. Ele amava muito ao pai e à mãe, que lhe eram muito caros, mas na doença não queria perto de si outra pessoa senão Clara. Quando a menina saía do quarto, ele começava a gemer, a chorar e a chamar por ela. O doutor deu-lhe diferentes remédios, mas nenhum lhe parecia fazer bem algum.
    Finalmente todos desanimaram, dizendo que nada mais podiam fazer por ele. Diziam todos que David não viveria por muito tempo mais – todos, menos Clara. Ela ficou sempre ao seu lado, refrescando-lhe, freqüentemente, a fronte escaldada pela febre ou dando-lhe bebidas nutritivas. Orava para que Deus o poupasse. Não o abandonava.
    Clara faltou às aulas para cuidar de David. Ele ardeu em febre durante muito tempo, mas finalmente esta cedeu, deixando-o muito fraco. Contudo, não melhorava como devia. Afinal, passado um ano, o pai de David ouviu falar num doutor que tratava de modo diferente. O doutor veio e levou David para o seu sanatório, a fim de o tratar. E o menino começou a melhorar rapidamente. Quão contente ficou a família, e como se alegrou Clara de ter perseverado e feito tudo ao seu alcance por David, quando os outros pensavam já ser tarde.
    Clara costumava fazer bem tudo o que empreendia. Em criança foi boa aluna, vindo mais tarde a ser professora. Era ainda nova quando começou a lecionar, muito mais nova do que a maioria dos professores, mas fez esplendidamente o trabalho. Tinha uma escola que ninguém conseguira dirigir, pois havia quatro rapazes bem grandes que estavam determinados a dominar a situação e expulsar qualquer professor, fosse homem ou mulher, que os viesse ensinar.
    Clara tinha um modo especial de tratá-los, que os outros não tinham. Brincava com eles e lhes perguntava bondosamente se não lhe queriam prestar favores. Era tão paciente com eles que os conseguiu ganhar, levando-os a se tornarem alunos muito quietos e obedientes.
    Clara ouviu dizer que havia em uma cidade próxima meninos e meninas que não tinham escolas em que pudessem aprender a ler, escrever e fazer contas. Isso certamente faz muitos anos. Havia umas poucas escolas, mas estas eram somente para pessoas que tinham bastante dinheiro para pagar os estudos. Clara achava que devia haver escolas gratuitas para os meninos e meninas pobres, tanto como para os filhos dos ricos. Mas todos diziam que ela nunca poderia fazer alguma coisa neste sentido; ela, porém, o fez. Suas escolas tiveram tamanho sucesso que muitos ricos tiraram os filhos das escolas que estavam freqüentando, para pô-los nas escolas de Clara.
    Veio a guerra – a terrível guerra. Clara era agora um pouco mais velha, e embora fosse ainda pequena e delicada, tinha bastante determinação. Não podia consentir em ver homens sofrerem e morrerem nos campos de batalha sem os devidos cuidados. Era o tempo da Guerra Civil nos Estados Unidos. Rogou que lhe permitissem fazer alguma coisa, mas seus pedidos não foram atendidos, visto ser mulher.
    Ela, porém, persistiu, sendo-lhe, finalmente, concedida a oportunidade de ir ajudar os feridos. Muitas vezes esteve sua vida em perigo. Certa vez, quando estava dando algo a beber a um homem ferido, foi-lhe o copo arrebatado da mão por uma bala. Doutra vez, uma bala rasgou-lhe a manga do vestido. Ela, porém, continuou lidando com os feridos, dando água fria aos sedentos e confortando os moribundos.
    Foi a fundadora da Cruz Vermelha Americana, que tanto tem ajudado aos que sofrem, em suas necessidades. Nunca há um terremoto, maremoto, enchente, guerra, ou qualquer outra terrível calamidade que as enfermeiras da Cruz Vermelha ali não estejam para fazer o possível em favor do povo.
    Clara Barton propôs em seu coração, quando ainda menina, fazer quanto lhe fosse possível para ajudar aos que sofrem. Pôs bem alto o alvo, e seu nome é exaltado como de uma mulher digna de toda estima.

                                 
                                              



    

08 - A PROMESSA DE PAULA



    “Clara”, chamou Paula da frente de sua casa, “espere um minuto! Quero lhe contar uma coisa”.
    E Paula correu bem depressa para o portão onde Clara estava esperando.
    “O que tem de tão importante?”, perguntou Clara, “parece que você encontrou um milhão de dólares ou coisa semelhante”.
    “Não”, disse Paula, “eu não achei um milhão de dólares nem coisa semelhante. Eu tenho um trabalho para esta noite. Eu estava esperando conseguir um trabalho para poder ajudar a comprar meu uniforme escolar, e agora encontrei. Vou cuidar dos gêmeos da Sra. Mendes. Ela precisa sair por algumas horas para cuidar de sua mãe que está doente”.
    “Ah, isto, disse Clara”, eu poderia dizer que é mais do que um trabalho. Eu cuidei dos gêmeos da Sra. Mendes, uma vez quando eram bebezinhos, mas a Sra. Mendes era tão crítica e maldosa, que preferi nunca mais trabalhar para ela”.
    Clara começou, bem devagar a caminhar para longe do portão. “Bem, divirta-se”, ela disse, “talvez você goste da maneira como a Sra. Mendes dá ordens, mais do que eu”.
    Paula voltou a sentar-se na beira da varanda. Ela se sentia preocupada, será que Clara estava com inveja? Ou será que é tão difícil trabalhar para a Sra. Mendes? Paula viu quando Clara dobrou a esquina em direção da casa de Maria. Era muito bom e divertido ser amiga de Clara e Maria. As duas eram muito populares, e Paula também se sentia popular quando estava com elas.
    A Sra. Mendes estava pronta para sair quando Paula chegou. “Estou muito feliz porque você chegou na hora”, disse ela, convidando Paula para entrar em casa. “Este é um momento muito difícil para mim, me sentiria muito melhor se pudesse encontrar alguém em quem confiar. Eu gostaria de lhe dizer exatamente o que espero que você faça, para que possamos nos entender desde o começo. Eu quero que você me prometa que nunca deixará a casa, sejam quais forem às circunstâncias. Se alguma coisa errada acontecer com os gêmeos, quero que me chame imediatamente. Você pode me prometer isto?”
    “Sim, certamente”, disse Paula, “a senhora não precisa ficar preocupada”.
    “Estou sentindo que posso confiar em você”, disse a Sra. Mendes confiantemente, “mas eu tive uma experiência muito ruim com uma menina que veio cuidar dos gêmeos, e vivo apavorada desde então. Não quero parecer mal-humorada, ou rabugenta, mas nossas crianças são muito queridas e muito especiais para nós, e não quero correr nenhum risco”.
    “Eu sei”, disse Paula, “meus pais são muito exigentes sobre a maneira como devo cuidar de nosso bebê. A mamãe sempre diz que a segurança dele deve sempre vir primeiro porque é muito pequeno e indefeso. Se a senhora me der o número do telefone onde posso encontrá-la, vou colocar bem à vista, aqui na mesa, junto com os meus livros”.
    Logo que a Sra. Mendes saiu, Paula olhou ao redor para ver se havia alguma coisa que deveria fazer antes de começar seus deveres de casa. Os gêmeos ainda estavam dormindo tranqüilamente.
    Na cozinha havia louça que precisa ser lavada. Ela encheu a pia com água quente e colocou o sabão. Levaria somente alguns minutos, e tudo estaria em ordem quando a Sra. Mendes voltasse para casa.
    Mas antes que começasse a lavar a louça, ouviu alguém batendo à porta. Ela ligou a luz e olhou para fora. Clara e Maria estavam paradas no pórtico.
    “Vimos quando a Sra. Mendes saiu”, disse Clara, “e pensamos que você, talvez, gostaria de dar uma escapadinha por alguns minutos e ir conosco tomar um refrigerante na lanchonete. Você não ficará fora mais de meia hora”.
    “Eu não posso ir”, disse Paula, “prometi para a Sra. Mendes que não deixaria a casa. Pode acontecer alguma coisa com os gêmeos”.
    “Não seja boba”, disse Clara, “não pode acontecer nada. Chaveie a porta, pegue seu casaco, e venha conosco”.
    “Paula”, disse Maria, com tom impaciente, “você vem ou não? Talvez você não queira mais ser nossa amiga”.
    Paula pensou por um instante, e então pegou seu casaco, que estava na cadeira, abriu a porta e começou a sair, mas ficou em dúvida.
    “Não”, disse ela, “eu não posso fazer isto, eu prometi”. E voltando para dentro da casa, disse: “Quero continuar sendo amiga de vocês, mas não posso quebrar minha promessa”.
    “Você tem certeza que quer continuar sendo nossa amiga?”, caçoou Maria, enquanto ela e Clara corriam pela rua escura.
     Paula sabia que era o fim de sua amizade, mas não podia fazer mais nada. Lentamente fechou e chaveou a porta, e voltou para a cozinha.
    A janela, em cima da pia, estava um pouquinho aberta, e sentia o ar fresco, gostoso, soprando em seu rosto. Parece que a noite estava ficando bem fria, e o vento estava começando a soprar mais forte.
    Paula jogou longe o pano de secar pratos quando sentiu o cheiro de fumaça. Voltou para a pia e procurou cheirar o ar que entrava pela janela aberta. Realmente sentiu o cheiro de fumaça – como se fosse borracha queimando. Então teve a certeza de que alguma coisa estava queimando, em algum lugar muito perto.
    Ela correu de quarto em quarto. Estava tudo em ordem, mas o cheiro de fumaça estava aumentando. Ela abriu a porta dos fundos e olhou para fora. A princípio não pôde ver nada, somente luzes na rua vizinha, mas logo que seus olhos ficaram acostumados com a escuridão, ela viu uma grossa nuvem de fumaça preta que subia para o céu. Não sabia exatamente a que distância estava, mas não deveria ser mais do que meia quadra.
    Fechou a porta com toda a força. Seu coração batia muito acelerado. Parou no meio da cozinha tentando pensar. Será que deveria chamar a Sra. Mendes? Será que deveria acordar os gêmeos, caso tivesse que levá-los para fora de casa?
    O som de sirenes quebrou o silêncio. Os bombeiros estavam vindo! Seu coração batia ainda mais depressa, e com mais força, enquanto os carros dos bombeiros, com suas luzes vermelhas girando, tocavam a sirene pela rua. Eles diminuíram a velocidade e pararam em frente da casa que estava duas portas mais para frente. As pessoas saíram rápido de suas casas e corriam de um lado para outro da rua gritando e chamando aos outros. Paula teve vontade de se juntar a eles e ver o que estava acontecendo, mas devia permanecer junto dos gêmeos.
    E assim Paula ficou parada na frente da porta tentando ver o que estava acontecendo. A fumaça fazia como um redemoinho por entre as casas. Algumas vezes ela tinha uma visão das chamas furiosas. De repente ela viu a Sra. Mendes subir correndo as escadas, seu rosto estava muito pálido.
    “Você ainda está aqui?”, perguntou a Sra. Mendes, com voz muito estranha.
    “Naturalmente que estou”, disse Paula, orgulhosamente, “eu prometi que não me afastaria da casa”.
    A Sra. Mendes se deixou cair sobre uma cadeira e escondeu seu rosto entre as mãos. “Acho que estou agindo como uma boba, mais fiquei muito apavorada da outra vez. Quando meus gêmeos eram ainda muito pequenos, tive que sair por umas poucas horas. Eu pedi a uma menina para cuidar dos bebês para mim; mas logo que cheguei na cidade, notei que tinha levado a bolsa errada, e assim tive que voltar. A porta estava chaveada, e Clara tinha saído. Eu não podia entrar em casa, porque minhas chaves estavam na outra bolsa. Tive que subir em uma janela para poder entrar em casa. Felizmente não tinha acontecido nada com os bebês, mas isto ainda me deixa assustada, por pensar em todas as coisas que poderiam ter acontecido”.
    “A senhora disse que o nome da menina era Clara?”, perguntou Paula.
    “Sim”, respondeu a Sra. Mendes, “o nome era Clara. Eu acho que deve ser sua amiga. E isto é uma coisa que me apavora”.
    “Eu pensei que Clara fosse minha amiga”, disse Paula, “mas, na realidade, ela não é. Ela e Maria queriam que eu fosse com elas até uma lanchonete, mas eu disse que tinha prometido não abandonar a casa”.
    A Sra. Mendes começou a sorrir. “Quando Clara voltou naquele dia e viu que eu estava em casa, ela se virou e fugiu, e desde então nunca mais chegou perto de mim”.
    Enquanto Paula andava de volta para casa pela movimentada rua, estava muito agradecida porque não tinha permitido que Clara e Maria a persuadissem a quebrar sua promessa. O fogo já tinha sido apagado, e o ar estava limpo e fresco. As estrelas estavam brilhando e o coração de Paula estava cantando.



                 

09 - A RESPOSTA DE DEUS



Durante a guerra, grandes aviões com sua carga mortal sobrevoaram a Áustria. Milhares de casas foram destruídas, fábricas incendiadas e a Capital passou por grande aflição. Inúmeras famílias foram deixadas sem lar, como só acontece quando há guerra. Gene e Maria chamemo-los assim, voltaram um dia da escola para casa apenas para descobrir que não somente a casa tinha sido destruída pelas bombas, mas tanto o pai como a mãe haviam sido mortos. Os vizinhos os levaram, com muitas outras crianças sem lar, para o grande orfanato da cidade. Bem podemos imaginar a tristeza e a amargura daquelas pobres crianças. Contudo, não esqueceram os ensinamentos dos pais e muitas vezes ao encontrarem-se no vestíbulo do orfanato, cruzavam as mãozinhas e oravam ao Pai celeste. Não sabiam o que o futuro lhes reservaria.
    Um dia foi anunciado que um país vizinho se oferecia para arranjar lares para muitas daquelas crianças. Todos estavam excitados e felizes no dia da partida. Gene e Maria saíram felizes com seus poucos pertences debaixo do braço e entraram no ônibus que os havia de levar até a estação, onde tomariam o longo trem sibilante. Seria sua primeira viagem de trem. Centenas de crianças seriam levadas da pátria para um país estranho, onde deveriam encontrar novos lares – novos papais e novas mamães.
    Quando soou o apito, o trem começou a movimentar-se, ganhando velocidade. Logo cortava os campos com rapidez enquanto ansiosos olhinhos perscrutavam cenários que nunca seriam esquecidos. Gene e Maria, contudo, não estavam demasiado ocupados para poderem cruzar de vez em quando as mãozinhas e curvar as cabecinhas para uma oração: “Querido Jesus, Tu sabes que perdemos nosso papai e nossa mamãe: dá-nos, por favor, um novo lar. Não permitas que sejamos separados e envia-nos para o lar conveniente”.
    Logo o trem diminuiu a velocidade e parou numa estação. Crianças e mais crianças emergiram dos superlotados carros e fizeram filas na plataforma. Muita gente da cidade ali estava, a fim de escolher uma criança e adotá-la. Aqui e ali uma era escolhida por ansiosos casais que fitavam aqueles orfãozinhos de um país estranho. Aqueles rostinhos tristes se voltavam para cima para verem seus novos pais. Os que sobravam voltavam para o trem e viajavam para a próxima cidade.
    O dia inteiro repetiu-se a cena, enquanto o grande trem, hora após hora carregava aqueles pedacinhos da humanidade para novas aventuras. De quando em quando Gene e Maria repetiam a oração para que de qualquer maneira Deus encontrasse para eles o devido lar.
    Estava quase escuro quando o trem parou outra vez numa grande estação. Gene e Maria separavam-se ao descerem do trem para a fila, onde, conforme pensavam seriam passados por alto, como tantas vezes já havia acontecido antes.
    Essa manhã, em certa cidade, um casal adventista do sétimo dia estava fazendo o culto quando uma batida na porta anunciou a chegada do jornal matutino. Depois de terminado o culto passaram os olhos pelo jornal para lerem as manchetes: “Trem de crianças austríacas chega esta noite”, foi o que lhes atraiu a atenção. A bondosa senhora olhou para o marido e disse: “Querido, esta é a nossa oportunidade de conseguirmos o menino que há tanto tempo você deseja”.
    O marido respondeu com um sorriso: “Não, querida, você sempre desejou uma menina e não quero ser egoísta. Enquanto vou trabalhar, você vai à estação e, quando o trem chegar, escolha uma linda menina de cabelos crespos, para nós”.
    Por algum tempo estiveram considerando se devia ser menino ou menina. De uma coisa estavam convictos: que só poderiam cuidar de uma criança. Existia no coração de ambos uma simpatia especial pelos austríacos, pois ambos tinham parentes na Áustria. Finalmente chegaram á conclusão de que adotariam um menininho que tivesse cabelos crespos, ombros largos e se parecesse com o pai adotivo.
    Quando o trem parou em sua cidade aquela noitinha e as centenas de crianças fizeram fila para procurar novos pais, a Sra. Bergman estava lá. Andou avidamente de um lado para o outro, contemplando os rostinhos magros e tristes das pequenas vítimas da guerra. Podia ler a história de desapontamento, desolação e fome em muitas faces. Afinal notou um rapazinho que parecia ter as feições procuradas, ombros largos, cabelos crespos e ar tranqüilo e calmo. Havia algo nele que atraiu a atenção. Parecia-se com alguém que ele já tinha visto antes. Aproximou-se dele com um sorriso:
     Você quer vir para a nossa casa? Temos um balanço no quintal e nenhuma criança para brincar nele. Eu gosto de homenzinho como você. Você vem comigo?       
    Gene continuou ereto e impassível. Afinal respondeu com sua vozinha fina:
    - Sim, eu gostaria de ir com a senhora e brincar no balanço, mas tenho uma irmãzinha e queremos ficar juntos.
    Sua vozinha tremeu um pouco na última palavra e lágrimas brilharam nos olhos.
    - Oh, mas sua irmãzinha terá acolhida em outra parte! Nós só podemos ficar com um, rogou a Sra. Bergman.
    - Mas nós pedimos a Jesus que nos mandasse para a mesma casa e temos certeza de que Ele terá um lugar onde poderemos ficar juntos, pois perdemos nosso pai e nossa mãe, disse o pequeno, num soluço.
    O coração da senhora ficou tocado. Ali estava um menino que cria em Deus e cria que Ele havia de responder à sua oração. Respondeu rapidamente: - Onde está sua irmãzinha? Vá buscá-la, para eu vê-la.
    O pequeno correu, procurando-a na fila, e voltou em seguida com ela pela mão. Ambos pararam, fitando a bondosa senhora com olhar súplice.
    - Aqui está ela, disse Gene com um sorriso.
    Lágrimas assomaram aos olhos da senhora enquanto sentia um nó na garganta. Que injustiça estaria praticando ao separar aqueles irmãozinhos, únicos sobreviventes daquela família destruída pelo bombardeio! Convenceu-se de que devia aceitar os dois. Olhando-os intensamente, disse: - Bem, queridos amigos, não sei o que meu marido dirá, mas vou levar vocês dois. Venham comigo e logo chegaremos em casa.
    Com exclamações de alegria eles disseram adeus aos companheiros e logo se perderam no meio da multidão, seguindo sua nova mãe até o auto lá embaixo, na estação. Poucos depois estavam sentados na sala de uma boa e ampla casa, esperando algo para comer.
     A Sra. Bergman estava na cozinha preparando alguma coisa para os famintos aditamentos de sua família. Com os olhos bem abertos, os pequenos olhavam tudo o que havia na casa. Realmente estavam contentes de estar nesse novo lar, mas ainda um pouco receosos do futuro. De repente Gene apontou o dedo magro para o retrato de uma mulher que estava sobre o piano.
    - Veja, disse ele à Maria, parece...
    - Não pôde continuar, um soluço embargou-lhe a voz e ambos começaram a chorar. Não podiam controlar as emoções.
    Quando a Sra. Bergman ouviu os soluços, veio correndo para ver o que havia. – Que é que vocês têm? Que aconteceu? Vocês não estão satisfeitos aqui? Exclamou ela.
    - Sim, disse a menina por entre lágrimas, estamos contentes.
    - Então por que estão chorando tanto? Perguntou ela.
Logo que se acalmaram um pouco, olharam para a face maternal da Sra. Bergman e apontaram para o quadro sobre o piano. A senhora, fitando o retrato, disse: - Sim, é minha irmã. Porque vocês choram ao ver essa fotografia?
A menininha soluçou: - Essa é minha mãe!
Então a Sra. Bergman concluiu que sua irmã, que fazia anos havia ido para a Áustria e dela não tinha notícias já havia quatro ou cinco anos, teria sido morta no bombardeio. Depois de considerável interrogatório, ficou convicta de que estes eram realmente os filhos de sua irmã.
Oh, que alegria houve naquele lar e que gratidão por Deus ter ouvido as orações daquelas crianças deixadas sem lar! Compreenderam que há um Deus que ouve e responde de modo maravilhoso às orações.



10 - A VINGANÇA DO INDÍGENA



    Era um fim de verão, faz muitos, muitos anos, na América do Norte. Fazia meses que não chovia, e o sol castigava a terra sem piedade, de maneira a secar os córregos e riachos, ficando só os rios de maior volume d’água.
    Um jovem alto, esbelto, chamado Daniel Wilson, trabalhava perto de seu rancho, localizado numa curva em que os campos se encontravam com a imensa floresta. Era o único homem branco, muitas e muitas léguas separado dos demais, e a esposa dele era a única mulher branca naquele lugar.
    Por um trilho que vinha da floresta para o campo, apareceu um indígena de estatura elevada e de aspecto nobre. Porém andava como que cansado, movimentando-se irregularmente, e em seu rosto se observavam traços de doença e de quem estava muito sedento. Ao se aproximar do rancho, hesitou, por um momento, e depois se aproximou do homem branco.
    “Estou muito sedento; pode fazer o favor de me dar água para beber”, disse ele.
    “Vá embora”, foi a áspera resposta. “Não dou coisa alguma a indígenas”.
    A descortês e violenta atitude do homem branco feriu profundamente o orgulho do selvícola, mas, como estava para morrer de sede, mesmo em desespero, suplicou de novo: “Não posso mais andar. Tenha a bondade de me arranjar água para beber!”.
    “Desapareça daqui! Não quero conversa com bugres”, foi à resposta, ainda mais violenta do que a primeira.
    O indígena, o exausto pele vermelha, pouco a pouco se foi virando, para partir, mas seus olhos demonstravam o desejo intenso de vingança. Vagarosamente seguiu pela estrada do campo, até penetrar na mata densa, em direção de sua aldeia.
    A jovem esposa do homem branco tinha ouvido a súplica insistente do homem das selvas, assim como a cruel recusa do marido. Ficara comovida e confusa. Quando o índio se retirava lentamente, sem poder andar direito, ela foi observá-lo da janela. Quando o trilho por que andava descia, para se encobrir mato adentro, a mulher viu o caboclo parar, trêmulo, cambaleante, e cair estendido no chão.
    De repente apanhou um vaso d’água, um bule de leite e um bom pedaço de pão e, como o marido estivesse do lado oposto, saiu sem ser vista para acudir aquele pobre índio. Temia que estivesse morto. Chegando lá, porém, ao local, verificou que ele havia desfalecido em conseqüência da exaustão e da sede. Com a água fresca que levara e com palavras de simpatia, conseguiu fazê-lo voltar a si. Deu-lhe de beber e alimentou-o. Pediu, então, que não levasse em conta as palavras grosseiras do marido. Refeito, dentro de pouco tempo estava ele em condição de continuar a viagem. Antes, porém, de partir, tirou uma das penas brancas que trazia na cabeça e entregou-a, dizendo:
    “Minha bondosa senhora, receba esta pena. Quando seu marido estiver caçando, peça-lhe para usá-la, para que possa escapar com vida. Eu havia planejado voltar e matá-lo. Por sua causa, no entanto, não farei isto. Se ele cair nas mãos de outros de minha tribo, só escapará se estiver com esta pena”.
    Ao concluir estas palavras, com um porte elegante seguiu pelo restinho do trilho e desapareceu na vastidão da floresta.
    Passaram-se três anos. Outros colonos se estabeleceram naquele mesmo distrito. Perto do fim do inverno, quando a alimentação estava ficando bastante escassa, os homens se organizaram e saíram num grupo para caçar. Antes de saírem, a esposa do homem que havia sido muito, muito grosseiro para com a pele vermelha, três anos atrás, pediu-lhe que usasse a pena branca do índio na lapela de seu paletó, repetindo-lhe as palavras do selvícola quando o fora socorrer. O marido riu-se, zombando da preocupação e do medo da esposa, e não queria usar a pena. Por fim, dada a insistência da mulher e para satisfazê-la, pregou-a no paletó e saiu.
    As caças estavam raríssimas. Não aparecia o que matar. Andaram e andaram, mato adentro, mais longe do que haviam imaginado. O sol descambava no poente. Todos estavam procurando matar um lindo veado, tomando posição aqui e ali, correndo para mais adiante, sem se darem conta do tempo que corria também. Daniel Wilson ficara atrás dos companheiros, procurando endireitar os sapatos que o estavam maltratando bastante.
    Quando ficou pronto, já estava escurecendo a noite. Apressou-se, correndo e buscando ver que direção haviam tomado os outros. As trevas, mo meio da floresta, não permitiam mais que visse as saídas. Era difícil andar. Estava perdido. Pensou que poderia ouvir os companheiros: assobiou, gritou, e nada. Pelejou e pelejou, até se convencer de que não havia outra coisa a fazer, a não ser permanecer a noite inteira na floresta e aguardar o amanhecer do dia.
    Nisto, percebeu como que vultos erguerem-se ao seu redor. Poucos momentos, e estava ele nas mãos de um grupo de índios que pareciam selvagens. Amarraram-lhe as mãos e fizeram com que ele andasse á sua frente. Cansado, mas obrigado a caminhar mais e mais, horas e horas. Depois, todos de novo a caminho.
    No dia seguinte chegaram à aldeia, na floresta, perto de um lago. Cabanas altas e de topo pontiagudo, mulheres e crianças, fumaça de fogo de cozinha, tudo indicava ser de grande importância àquela taba.
    O aflito homem branco foi levado a uma cabana desocupada, ficando lá sob a guarda de dois bravos jovens. Era já tarde. O sol descia no ocaso. Ouvem-se rumores entre os selvícolas. Chega outro grupo de guerreiros, com o chefe à frente, um homem alto, de boa aparência, trazendo suas penas e com as pinturas que usam na guerra.
    Contaram-lhe da captura do homem branco e ele foi vê-lo. Logo que viu a pena branca, reconheceu o cativo, o homem que, anos atrás, se havia negado de socorrê-lo, mal-tratando-o sem piedade.
    “É muito feliz em estar usando a pena”, disse o chefe indígena. “Se não fosse isto, você seria morto esta noite. Por causa de sua esposa, que me tratou com bondade, prometi poupá-lo quando caísse em meu poder. Por que os homens brancos não são bondosos para com os irmãos de pele -vermelha? Os pele-vermelha só matam os brancos quando se vingam de qualquer crueldade de que foram vítimas.
    “Agora irei levá-lo de volta a sua casa. Eu mesmo vou acompanhá-lo. Primeiro, porém, você precisa comer e descansar”.
    Ao se retirar o chefe, dois jovens trou

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Deus

JOGRAL

___________________________________________________________________________Jogral - O Nome de Jesus
Todos - Muito antes do Messias À terra vir habitar Seu Pai procurou com amor Um lindo nome lhe dar.
1 - Seu nome será Maravilhoso,Porque maravilhas ele fará, Fará prodígios e curas, Até mortos ressuscitará.
2 - Seu nome será Conselheiro Porque conselhos dará,Através de sermões e parábolas Que ao povo pregará.
3 - Seu nome será Deus Forte Pois a tudo vencerá Vencerá até a morte, Porque ressuscitará.
4 - Seu nome será Príncipe da PazPorque a paz pregará. E quem for pacificador Bem-aventurado será.
5 - Seu nome será Pai da Eternidade Porque eterno ele é.Ele estava no princípio com Deus Reconciliando o mundo através da fé.
6 - Seu nome será Emanuel,"Deus Conosco" - quer dizer.Quem o buscar de coração Ele pode socorrer.
7 - Seu nome será Cristo Porque será sofredor,Será ferido, humilhado E pregado numa cruz de horror.
Todos - JESUS - é o mais belo nome Acima de todos está.

SE NÃO AGRADA A DEUS TÔ FORA

SE NÃO AGRADA A DEUS TÔ FORA
DIGA NÃO AO HALLOWEEN